E Tu…? Consegues adivinhar o amanhã…?
Em que me procuras
Me tocas
Tratando-me pelo nosso nome familiar
Mas quando abrires os olhos
Vais reparar
Que não é a mim que estás a beijar
Porque posso estar algures
Algures num outro lugar…
Dando-se então o choque
Entre o que sentes no presente
E o que fomos no passado
Não conseguindo fazer a correcta distinção
Entre o que é
O que foi
E só sabes isso
Porque não sou eu que estou a teu lado…
Reparas então
Que o tempo passa demasiado depressa
E o tempo não cura tudo
Pode é fazer esquecer momentaneamente
Mas passa tão depressa
Que por vezes confundimos o passado
Com o momento presente…
Ficando a mágoa do abandono
Porventura um certo arrependimento
Porque a decisão que pareceu certa no tal passado
Nos parece a errada
Nos tempos que o sucederão
Porque há afectos que duram para sempre
E que não passam como uma vulgar brisa de verão
E é por isso
Que para evitar amanhãs nos quais não me irei reconhecer
Tento extrair do presente
Tudo o que ele tem para oferecer
Para me ensinar
Sabendo que apenas uma palavra errada
Pode alterar Tudo
Porque te quero encontrar
E não outra pessoa
Nos dias que se seguirão
Procurando resistir a palavras erradas
Que me pareceram as certas
Mas que demasiado levadas em conta
Nos projectaram no olho do furacão
E eu prefiro enfrentar este
E esperar pela bonança que certamente o sucederá
Do que seguir a compulsão do momento
E quando te procurar
Aperceber-me brutalmente
Que já não estás por cá…