E Tu…? Consegues adivinhar o amanhã…?

Em que me procuras

Me tocas

Tratando-me pelo nosso nome familiar

Mas quando abrires os olhos

Vais reparar

Que não é a mim que estás a beijar

Porque posso estar algures

Algures num outro lugar…

Dando-se então o choque

Entre o que sentes no presente

E o que fomos no passado

Não conseguindo fazer a correcta distinção

Entre o que é

O que foi

E só sabes isso

Porque não sou eu que estou a teu lado…

Reparas então

Que o tempo passa demasiado depressa

E o tempo não cura tudo

Pode é fazer esquecer momentaneamente

Mas passa tão depressa

Que por vezes confundimos o passado

Com o momento presente…

Ficando a mágoa do abandono

Porventura um certo arrependimento

Porque a decisão que pareceu certa no tal passado

Nos parece a errada

Nos tempos que o sucederão

Porque há afectos que duram para sempre

E que não passam como uma vulgar brisa de verão

E é por isso

Que para evitar amanhãs nos quais não me irei reconhecer

Tento extrair do presente

Tudo o que ele tem para oferecer

Para me ensinar

Sabendo que apenas uma palavra errada

Pode alterar Tudo

Porque te quero encontrar

E não outra pessoa

Nos dias que se seguirão

Procurando resistir a palavras erradas

Que me pareceram as certas

Mas que demasiado levadas em conta

Nos projectaram no olho do furacão

E eu prefiro enfrentar este

E esperar pela bonança que certamente o sucederá

Do que seguir a compulsão do momento

E quando te procurar

Aperceber-me brutalmente

Que já não estás por cá…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 03/06/2012
Código do texto: T3702850
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