Do Amor
Parecer o que nos olhos vem e cega
Por amar e sentir total entrega
No que o peito foi sentir e se perdeu;
Qual seria o maior cego de amor,
Aquele que fugiu de ter sua dor,
Ou aquele que nas juras prometeu?
Qual seria da vida a melhor sorte,
Ser amante e saber que é sempre a morte
A gestar, na verdade, o verbo amar.
De que vale amar se tem saúde,
O amor é verdejante na virtude,
Mas o amar verdadeiro faz chorar.
É o pranto confundido com o riso;
Amar é o atracar no paraíso
A barca das intensas sensações,
É ter no peito a brasa ainda em fogo,
É um querer depois do até logo,
Batendo o coração dois corações.
É precisar com régua dos sentidos
E não ter nunca mais esconderijos
Ao sentir que falou ou que se fez,
Pois o amor ama tudo, ama incerto,
Depois de perceber a alma perto,
Tateia o coração em sua nudez.