AMOR
o amor,
às vezes
é propagação
de uma música antiga
nas ondas do coração
enquanto a
luz da madrugada
surpreende os olhos
da insônia.
às vezes
o amor
são pedras
sob o ribeiro raso;
diamantes fugazes
num flash
de plenilúnio
dormindo no fundo d’água,
seguros e inatingíveis.
o amor,
às vezes
é mudo toque;
incerta coincidência...
sua imagem,
no entanto,
alegra a face
dos nossos caminhos.
às vezes,
o amor
é leito
sem perfume;
espinho
no talo da flor
esperando ferir...
dor advinda do prazer,
faz lágrimas rolarem.
às vezes,
o amor
é esperar a aurora
sem limitar
as rodas do tempo;
é cair e flutuar
dentro do seio da noite;
e, do vento gelado
desvendar
segredos...
o quebrar da voz,
os suspiros...
o amor,
às vezes
é um cavaleiro
desconhecido
que arrasta
sua sombra
através dos corpos,
sem triscar na alma;
continua forasteiro
pela vida afora...
às vezes,
o amor
é sorriso rasgado
de tristeza;
olhar a meio-pau,
pupilas titaniquianas,
afogadas no
derramar d’alma;
sem máscara,
sem lágrimas.
o amor,
às vezes;
não pode
ser traduzido.