Da unidade...

queria cantar como os outros cantam melodias d'amor

mas num sobejo exagerado, findo meu gesto

e perco-me em palavras óbvias

e perdendo-me, alheia à felicidade, há um brado...

que grito é este preso às entranhas

onde amarga o mundo do meu-eu?

então serei eu mesma incompreensivelmente

serei eu onde nenhum outro braço alcança,

até ser apagada dessas odes atemporais...

viver nada é mais que este grito

e há nele e por ele

enquanto há o riso

enquanto houverem lágrimas,

enquanto há um esboço,

enquanto meço os versos...

É o grito de amor mais inconstante e vago

beira a não-sei-onde do precipício do ser...

assim,

me vejo louca,

me sinto pouca...

mas o brado silencioso confunde os segundos

faz de minh'alma clara

e de mim, em tão grosso instante, alguém.

Alguém...

nem eu mesmo sei quem é...

Anna Beatriz Figueiredo
Enviado por Anna Beatriz Figueiredo em 28/05/2012
Código do texto: T3692781
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.