LÁGRIMAS DE AMOR

Cada lágrima que cai

Tem um peso no espaço

É uma conta desprendida de um colar

Uma criança sem berço e sem lar

E por fim como uma madressilva

Há de secar se evaporar

Cada dor vivida volta

Desce pelas ubérrimas nuvens

A dor é transformada e agora reciclada vem com a cura

Matando a sede do solo cáustico dando vida

Fazendo renascer o agreste tudo renasce

A rosa ferida se abre cristalina no éter interior

E nada é igual depois da chuva tudo se enriquece

O ar se renova como uma gentil donzela

Tudo se transforma em flor

Assim acontece quando tu estás em mim

No meu colo preenchendo meu solo

Correndo murmurante no meu sangue

A paixão lasciva que contem nos minutos

Os pingos frementes latejantes de enxames

Profundos se escondem em céleres instantes

Como caranguejos dentro do mangue

Balbuciam e se contorcem bombeando fluxos e afluxos

Paixão sonora êxtases compulsivos languidos exangues

Percorrendo dentro deste pântano de músculos

Finalmente a bolsa se esvazia a água espessa adentra morna

Preenche a espádua nua e emprenham a vida murmurante

Como as palhas de ventoinhas dos grandes coqueirais

Cheios de brechas frondosas e enxertos de rios

Lágrimas voltam assim como pequenos curumins

Alcançando por leitos estreitos o oceano de sais cor de anil

Alcançando os céus com seus descongestionantes cios...

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 27/05/2012
Reeditado em 28/05/2012
Código do texto: T3691179