LÁGRIMAS DE AMOR
Cada lágrima que cai
Tem um peso no espaço
É uma conta desprendida de um colar
Uma criança sem berço e sem lar
E por fim como uma madressilva
Há de secar se evaporar
Cada dor vivida volta
Desce pelas ubérrimas nuvens
A dor é transformada e agora reciclada vem com a cura
Matando a sede do solo cáustico dando vida
Fazendo renascer o agreste tudo renasce
A rosa ferida se abre cristalina no éter interior
E nada é igual depois da chuva tudo se enriquece
O ar se renova como uma gentil donzela
Tudo se transforma em flor
Assim acontece quando tu estás em mim
No meu colo preenchendo meu solo
Correndo murmurante no meu sangue
A paixão lasciva que contem nos minutos
Os pingos frementes latejantes de enxames
Profundos se escondem em céleres instantes
Como caranguejos dentro do mangue
Balbuciam e se contorcem bombeando fluxos e afluxos
Paixão sonora êxtases compulsivos languidos exangues
Percorrendo dentro deste pântano de músculos
Finalmente a bolsa se esvazia a água espessa adentra morna
Preenche a espádua nua e emprenham a vida murmurante
Como as palhas de ventoinhas dos grandes coqueirais
Cheios de brechas frondosas e enxertos de rios
Lágrimas voltam assim como pequenos curumins
Alcançando por leitos estreitos o oceano de sais cor de anil
Alcançando os céus com seus descongestionantes cios...