SEM RIMA 138.- ... que fiz...! ...

Mas... que fiz? Que fiz, meu Deus!

Imaginei... Sonhei outra amada:

Perdoe-me a minha, dona

de (quase) todos os meus pensares

e sentires...

Teus olhos... castanhos,

como bosques celtas

habitados por druidas

sábios e misteriosos

Tua boca... de lábios gentis,

brandos, meigos,

por vezes inimigos,

carinhosos sempre,

cheios de piedade extrema,

como extrema é a indigência minha...

Teu colo... sim, camoniano,

galaico e exemplar: de garça

como o da linda Inês de Castro,

amada em vida e depois de morta

ou talvez como a Dulcineia formosa

que dom Quixote imaginava...

Teu cabelo... coroa de ouro,

cascata de incendiados sóis,

batida por brisas e beijos,

os meus, atrevidos, mas temerosos...

Não direi... calo os teus segredos

verdadeiros e reservados...

Adoro a bondade esquiva

dos teus amores recatados...