= O brilho do amor =
O barco partiu.
Sonhos? Eu os guardei.
Ao longe vejo a vela trêmula
ao sabor do vento.
Meus olhos se fazem maré cheia.
No peito, o nó da solidão.
A impiedosa distância
meu olhar cega.
Por que tem que ser assim?
As amarras foram frágeis?
A poita foi leve?
O certo é que barco se foi.
Apenas as gaivotas
enfeitam e gritam
fazendo dueto com as ondas do mar.
Eu me atraco com o vazio.
Só, sigo meu caminho.
Ando pela praia, chuto o mar,
grito palavrões.
Eu, cabisbaixo, eu, péssimo, eu, zumbi.
Deito-me sobre as pedras.
O sono vem em meu socorro,
Espantando a solidão.
Ele me traz de presente
os sonhos.
Sonhos que buscam a vida,
Que fazem renascer as esperanças.
Um anjo diferente,
sem asas nem auréola,
enxuga o meu pranto.
Enche-me de encanto e
convida-me em seu barco eu entrar.
Barco, barqueiro e tripulante
quando se amam
não se afastam, nem transpõem sós,
a linha do horizonte.
Juntos navegamos até o fim do mar,
subimos pelas estrelas
e, lá do alto, bem lá do alto,
brilhamos, brilhamos e como brilhamos!
Para o amor nunca ofuscar.
Tonho Tavares.