= O brilho do amor =

O barco partiu.

Sonhos? Eu os guardei.

Ao longe vejo a vela trêmula

ao sabor do vento.

Meus olhos se fazem maré cheia.

No peito, o nó da solidão.

A impiedosa distância

meu olhar cega.

Por que tem que ser assim?

As amarras foram frágeis?

A poita foi leve?

O certo é que barco se foi.

Apenas as gaivotas

enfeitam e gritam

fazendo dueto com as ondas do mar.

Eu me atraco com o vazio.

Só, sigo meu caminho.

Ando pela praia, chuto o mar,

grito palavrões.

Eu, cabisbaixo, eu, péssimo, eu, zumbi.

Deito-me sobre as pedras.

O sono vem em meu socorro,

Espantando a solidão.

Ele me traz de presente

os sonhos.

Sonhos que buscam a vida,

Que fazem renascer as esperanças.

Um anjo diferente,

sem asas nem auréola,

enxuga o meu pranto.

Enche-me de encanto e

convida-me em seu barco eu entrar.

Barco, barqueiro e tripulante

quando se amam

não se afastam, nem transpõem sós,

a linha do horizonte.

Juntos navegamos até o fim do mar,

subimos pelas estrelas

e, lá do alto, bem lá do alto,

brilhamos, brilhamos e como brilhamos!

Para o amor nunca ofuscar.

Tonho Tavares.

ANTÔNIO TAVARES
Enviado por ANTÔNIO TAVARES em 25/05/2012
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