Há certos sentidos…
Que só se revelam ao acordar
Quando ao olhar para o lado
Para além de te sentir
Te tenho comigo…
Pois há certos sentidos
Que não precisam de palavras para terem uma explicação
Há certos afectos que só se encontram
Que só moram no olhar
E tu sabes que te amo
Só de nos meus olhos reparares…
Há certos gestos
Até certas formas de respiração
Que transcendem as diferentes formas de comunicar
Que as tornam mais belas
Quando apenas dessa forma
Nos atrevemos
O que sentimos a explicar…
Ganhando uma outra dimensão
Ganhando os caminhos da eternidade
Quando não agradecemos com os lábios
Mas simplesmente com o olhar
Coisas que fizemos pelo prazer inocente de agradar
Estabelecendo então uma dança
Que se prolonga pelo infinito
Onde os nossos olhos
Não se atrevem a separar do seu par
Porque sem esses olhos
Somos órfãos de nós
O que fazemos deixa de ter um eco
Deixa de ser minimamente significativo
Porque preciso sempre do teu eco
Para me sentir
Por sentir que sou algo para ti
Numa expressão em que resumi tudo isto
E a que dei o nome de
“Há certos sentidos…”