Palavras 0719 - Sem ela

Ontem abri minhas vidas,

as gavetas dos meus armários,

joguei roupas, escancarei a janela,

falei dos meus segredos

a aquele espelho do banheiro.

Nunca se consegue escrever o sentir,

rascunhei todos os dias,

e neles, nada, apenas uma vontade,

uma imagem agarrada à lembrança,

tanto que queria mais...

Queria saber fazer arte, amor,

quebrar todas as promessas,

deitar nos tapetes coloridos

daqueles todos os sonhos só meu,

sair do chão e ir até um céu.

Falei aos meus pensamentos,

foi tanto que eles desapareceram,

abri meus retratos da carteira,

sim, lá estava meu querer,

inspiração, musa, fonte, ela...

Resolvi colocar um sol na parede,

uma dor apareceu no peito,

precisava aquele remédio, o dela,

um carinho que fosse,

um beijo que pudesse lambuzar.

Confesso, sou muito confuso,

mas só quando longe dela,

junto tenho medidas, palavras,

como se uma canção entrasse

bem lá dentro da minha cabeça.

Chamam-me de poeta, de escritor,

sou apenas um homem apaixonado,

um carente às vezes ridículo, bobo,

um amante que sabe o quanto é amor

e quanto se perde sem sua amante.

24/05/2012