Aprendi

Aprendi que o amor

Não é um sentimento

Mas sim um cesto

Cheio deles

E que é preciso

Atenção com ele

Para que num descuido

Um carinho não escape

Para que num tropeçar

A cumplicidade não se perca

Para que numa desatenção

A confiança não se quebre

Cada sentimento

Contido no cesto

É único e fundamental

E quando cai e se quebra

Conseguimos juntar os pedaços

Mas ficam-se as emendas, as trincas

Quando se perde

Reencontramos as partes

Mas nunca por completo

Como farinha que cai ao chão

Sabemos que está toda ali

Mas muitos grãos

Se aderem ao solo

Se misturam a poeira

Voam com o vento

E não recuperamos o todo

Nunca volta ao que era

Por isso cuidado

Como leva o amor

Onde o deixa

A quem confia

Aprendi também

Que ‘Eu te amo’

É a entrega do cesto: amor

E que por vezes ele pode estar vazio

Aprendi que ‘Eu te amo’

Não oculta mentira

Não estanca a decepção

Não fecha fenda

Não seca lágrima

Não cessa dor

Não cicatriza ferida