Apenas uma dança
Meia lua após um dia de tempestade,
calmaria na cidade de concreto adormecida,
meia noite e cinquenta no relógio,
timidez abrigando-se entre olhares desconfiados,
suor nervoso na brisa fria de um inverno iniciante,
corações aflitos por se falar na mudez dos sentidos,
sorrisos incontidos em gestos ensaiados,
curvando-se ao sentimento, solicitando uma chance,
mãos roçando-se sob a iluminação de um poste,
tremor de dentes escondidos em lábios vacilantes,
beijos simulados em suspiros perdidos no vagar,
carinhos disfarçados no dedilhar delicado da cintura,
poesia se tornando sonho real no compasso de violinos,
palavras assumindo posição e concretude no plano da vida,
condução de passos cadenciados na música da noite,
estrelas compondo o cenário de fundo na paisagem,
silêncio de uma avenida sem carros,
energia fluindo de corpos apaixonados,
almas coloridas brilhando em suas auras de luz,
apenas uma dança, é tudo o que peço...