Água e sede

Guardei de vez todos meus dardos,

Acho que alvejei, tempos, em vão;

Meus reflexos que não são lerdos,

Miraram ao amor com olhos turvos,

E acertaram na mosca, da admiração...

Agora, lupas vasculham meus passos,

Para saber o que eu bebo e meu pão;

Não sei se atinados, errantes, omissos,

Cantando venturas, e tempos avessos,

Ao longo da estrada, sei que eles estão...

Sei lá se minha arte plantou algum indício,

Se o fez, contudo, juro que ignoro onde;

Qualquer achado poderá ser um resquício,

Afinal quem grita à beira de um precipício,

Não pode escolher onde o eco responde...

Vou tentar laçar a lua co’uma outra corda,

Para tê-la bem juntinho em todas as fases;

A Indiferença quando quer pinta e borda,

Sem nenhuma palavra a desgraçada aborda,

junta sede e água, que enfim, farão as pazes...