sofia E O Suspiro de Julho - 4 O Crepúsculo De Nós Mesmos
Nós lutamos, cuspimos o fogo,
Cuspimos entre os dentes o orgulho.
Não há chuva, só frio.
Não há chuva, existe o tambor.
Damos sorrisinho sem graça
Para a brecha que iluminou pela fresta
Da velha janela, olhamos o brilho
E demos aquele sorrisinho sem graça.
O pierrô chorou a noite toda,
O poeta mais uma vez pintou as paredes
Com suas canções de amor
E os sinos de julho no compasso dançam.
E demos as mãos,
Fizemos nosso casamento,
Traçamos alianças, um pacto coroado
E melancolicamente o frio nos condena.
Bate, bate tambor.
Bate, bate, as lagrimas do pierrô escorrem,
Escorrem nesses olhos meus.
Bate, bate o tambor. Crepúsculo.
E brindemos nosso casamento,
Alianças de fumaça, bebidas de vento,
Solidão nossa convidada.
Demos as mãos e caímos num horizonte qualquer.
O tambor bateu. (talvez pra nós)
O tambor bateu. (mas era o suspiro de julho)
O tambor bateu. (era o pierrô em agonia)
O tambor bateu. (Sofia não está aqui)
E criamos,
Criamos o crepúsculo de nós mesmos,
Um matrimonio descolorido
E deitamos, deitamos pra selar o amor.
Suspirou, ah, suspirou.
Você e eu, crepúsculo de nós mesmos
Deitamos, deitamos num horizonte imperfeito.
E os sinos de julho tocam,
As crianças das arvores piam
E congelada no frio da melancolia...
Eu vi. Eu vi a Afrodite no frio.