Canceriana

Quando o gemido irrompe e arrepia

A primavera grita

Quando um sorriso, matreiro, desenha a face

Uma afronta

Defronte ao mar

Acerto o ponto

À margem

Alinho o traço

Teu corpo, de areia e sal,

melado

Leio em braile

Quando oceano, entregue à praia,

abraço

Quando você, farol

Acendo

Na sua língua

Na ponta

Era visgo

Minha libido

Era vida

Saliva de maré cheia

Serei eu?

Tanto mar

Serei-a

Arranha céu

A unha do desejo

Na beira do Atlântico

Obsceno

Teu beijo

Beijo

E observo

O mundo a sós

Na tempestade

Sou barco

Tem outro lado?

Atravesso

Sou novo

E têm estrelas a me dizer:

-Bem- vindo a era de Câncer!

Kaike Lamoso
Enviado por Kaike Lamoso em 18/05/2012
Código do texto: T3674306
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