Um certo amor...

Correntes pesadas que arrastamos nós

Antagonicamente asas de anjos.

E que nos sangra o coração...

Este poderia ser mais um poeminha de amor

Passional, extravagante e até sensual.

Mas falo aqui do Amor sublime

Que nos aproxima do Criador

E nos faz fazer pazes constantes

Com os demônios de nós mesmos.

Oramos a eles e praguejamos à nós...

Amor único que não se desvencilha

Que se morre à cada lágrima

E ressucita-se à cada sorriso.

Um amor que nos faz ficar catatônicas

Estagnadas e antagônicamente felizes.

Para que possam eles passar à nossa frente

E nos deixa ar de contemplação com a alma rasgada.

Um amor que não cabe nas palavras

Que inundam os olhos nossos

Ao vê-los desfilar lindamente pela vida

Com sorrisos e sonhos e dores nosssas

Resvelada neles... Mas é tão sem querer...

Um amor que a tudo suporta

Que ouve, cala e chora.

Que alegra-se com apenas uma flor

Nem isso... Um sorriso.

Um olhar que brilha vestido de sonhos!

Bordados iniciados por nós

E continuados por eles.

Estive a pensar sobre isso e não dormi.

Estive, a noite inteira a tentar traduzir

O que não tem nome, nem dimensão, nem razão

O que nasceu apenas à mulher

O que move o útero e o faz doer

Sempre, sempre, sempre...

Um amor de desejo de redoma

De sermos pateticamente uma pata

Com asas enormes e fila indiana - eles

Num desejo de infância eterna

De cheirar... Eles têm um cheiro!

Um cheiro que reconhecemos onde quer que estejamos

Que não há alquimista que o manipule

Um cheiro de filho

Um rastro de loucura

Um amor perto do paraíso

E que nos faz desecer aos infernos

Da nossa existência pouca e tantas vezes, confusas.

E amassamos a nossa vida

Uma bola de papel escrita e apagada tantas vezes...

E nos livramos dela

E guardarmos os seus nome

Numa lista infindável de desejos a eles

Da plenitude das vidas suas...

Haja que a nossa

Já esquecemos num rascunho qualquer

E nos perdemos

E nos encontramos

Na imensidão do oceano

Que reside em seu olhar.

E que nada mais importa e tudo é muito pouco.

Criação do ser... que amor é este?

Que nome tem... sem medidas assim?

Hoje, amanheci perto da loucura.

Karla Mello

16 de Maio de 2012

Karla Mello
Enviado por Karla Mello em 16/05/2012
Reeditado em 05/10/2017
Código do texto: T3670401
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.