CASA
A primeira casa foi o meu olhar
Que peguei e aqui o deixei.
Depois mais outras e outras...
Meu coração, minha mente
Minh’alma, meu corpo, ilusão...
Depois veio à casa concreta
Aquela que construímos de cimento e pedra.
E de repente a avalanche, invadiu-a, e te levou.
Da nossa casa e dos nossos momentos
Ainda vejo os destroços.
As paredes abertas, feito feridas
que não quer sarar.
Portas, janelas a bater ao toque do vento,
oras abertas, oras fechadas.
talvez ainda esperando por nós.
Por mim. Mas ainda não é o momento,
Não consigo. Ainda quero a casa...
Ainda quero nossa vida de volta.
A saudade ainda é navalha na pele.
Na minha pele, que corta sem se importar
Se ainda vivo ou se estou morta.
Ainda vivo entre o sentir e o esquecer
Ainda sinto saudades de você...
Tantos “ainda” me atormentam.
A casa fantasma, que nunca existiu,
Tua vinda, que nunca aconteceu.
Minha ida que foi, e depois, esqueceu-se.
Queria poder me desfazer dessa falta
Dessa casa, mas permanece em meus sonhos
como presente de grego, atormentando-me.
Passo muito tempo ainda olhando
A casa tão desejada e agora destroçada.
E como uma miragem...
Fecho os olhos e lá em alguma paisagem
Vem você, vem, vem... Mas não chega.
Nunca chega!
Tenho raiva, muita raiva!
Choro, grito em silencio.
Minha raiva parece rebeldia de criança,
No instante seguinte, tão indefesa e frágil.
Fico em meu canto feito bicho ferido
Sangrando e choramingando,
Lambendo os próprios desenganos.
Mas não quero voltar no tempo.
Quero só eu de volta, só isso...
Eu (casa) inteira, sem frestas (feridas)
Sem portas ou janelas (dúvidas)
Quero-me inteira!
Talvez, hoje ainda não. Mas amanhã serei.
E você será poeira, bem longe,
bem longe do meu horizonte.
Sim, será!
EdnaMariaPessoa
Natal-RN, terça-feira, 15 de maio de 2012, 20h22min