Um canto para Lúcia no jardim da nossa casa
Era casa e varanda,
jardim depois da cerca.
E no alpendre a viola descansa os tons.
Uma moda antiga, e Lúcia debruçada na janela.
Faceira, menina, mulher.
Uma moda antiga, e nós nem vivemos ainda.
Eu olhava aqueles olhos enquanto os dedos corriam nas cordas.
A voz tímida entoava os versos. Para Lúcia.
No meio de nossa sorte,
a felicidade cantava junto.
Um coro de paz e de harmonia,
que os anos levaram para longe.
Ela partiu para o infinito,
e do jardim da casa, depois da cerca
ficou a rosa que não quis morrer.
Eu cá, no mesmo alpendre, guardei a viola,
as modas, o cantar.
Tem dias em que me sinto só.
Será saudade?
De Lúcia? Da casa? Do jardim?
A viola, talvez?