Árvore proibida
Deusa alheia aos rogos que faço,
ela nem sabe que pra mim, é o céu;
seus encantos alimentam o fogaréu,
sacrifício que arde em meus passos.
Amar fez devoto, que posso fazer?
Não tenho controle algum sobre a fé;
Aquele, pois, que de verdade, Deus é,
te fez tão bela, natural seria te querer.
Cultuo, pois, à santidade, a tua beleza,
que a coloca mui separada das demais;
onde sonho eternas, coisas temporais,
ao vê-la flutuando com tanta leveza…
Uma gota de alento em minhas raízes,
e a clorofila já expõe sua viçosa cor;
sonho, nutriz da vida, de ter seu amor,
comemorado no baile de folhas felizes…
Então, de volta a mim, depois da prece,
sentindo o bem estar, trazido do culto;
num auto-sacerdócio, o próprio indulto,
pra culpa dum coração que não esquece.
Exilado de mim, errante nas terras de ti,
onde clandestino entrei, pelo teu olhar;
Agora que decidido, já não quero voltar,
mas ter teu visto, e ficar pra sempre aqui.
Então, em nosso Édem feliz eu cantarei,
entre franco pomar, num eterno outono;
te será vedada só a árvore do abandono,
pois no dia que dela comeres, morrerei...