NA BOCA DA NOITE
(Sócrates Di Lima)
Na boca da noite o principio,
Começo de uma noturna saudade,
Momento que dá inicio,
A minha doce ansiedade.
Pela boca da noite o sussurro,
De um cântico de nostalgia,
Boca a dentro eu empurro,
Guela abaixo minha alegria.
Da boca da noite ouço os risos,
Que minha saudade traz dela,
Como se fossem avisos,
Que a saudade entra pela boca da janela.
Na boca da noite o gosto da distância,
O paladar que a saudade faz,
Como um licor em abundância,
Bebo as delicias que a lembrança traz.
Na boca da noite o meu prazer,
Em sentir saudades da amada,
Basilissa é o que mais poderia querer,
Do amanhecer, áté depois da madrugada.
Boca da noite,
Aonde tudo principia,
Tudo termina num açoite,
Até um novo raiar do dia.
Boca da noite, alma que vigia....
Aonde se escreve a fantasia,
Aonde se vive e se vicia,
Aonde começa e termina a poesia.
Boca da noite que digere a solidão,
Por onde passa o alimento que adormece o tema,
Que faz petrificar a saudade no coração,
Que pela boca da noite engole-se o penúltimo poema.