PRELÚDIO DA PAIXÃO

Tua volúpia trancada na carne de minha carne

No cerne de meu ápice

O gemido solto o suor espremido cálice de meu cálice

O estupor o pouso da flor contrações e trações

Loucuras presas que se libertam da garganta

Mãos que correm pelo dorso da estrada infinda

Rufam-se os tambores corações tamborins arquipélagos

Navego entre golfos e trompas de Falópio

Águas de febre ternas e termais trópicos terminais

Tranças e danças tribais contorcidas libélulas

Nós de entradas e saídas grudamos nossas células

Peles marcadas demarcadas entre sinais e digitais

Meus gritos acesos na garganta minha pele vermelha

Minha gargantilha marcada pelas tuas sinuosas mãos teus ais

Debruçamos-nos um no outro escarificados mas cicatrizados

Sacrificados pela paixão imemorial dos ancestrais

Arfas e me escondo colhendo os frutos de tua árvore pulmonar

Vapores inquietos saem das narinas

O vulcão volta a se amalgamar

Acalma-se sua febre alta passa

Seu tragar sua prece ardente

Volta a si fecham-se sob o encanto do vento

Divisada pelo amor seu elemento

Neste momento só o hálito perdura

Na pequena fumaça que sai mostra seu alento

A criatura pode voltar a explodir a qualquer momento...

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 14/05/2012
Código do texto: T3667904
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