PRELÚDIO DA PAIXÃO
Tua volúpia trancada na carne de minha carne
No cerne de meu ápice
O gemido solto o suor espremido cálice de meu cálice
O estupor o pouso da flor contrações e trações
Loucuras presas que se libertam da garganta
Mãos que correm pelo dorso da estrada infinda
Rufam-se os tambores corações tamborins arquipélagos
Navego entre golfos e trompas de Falópio
Águas de febre ternas e termais trópicos terminais
Tranças e danças tribais contorcidas libélulas
Nós de entradas e saídas grudamos nossas células
Peles marcadas demarcadas entre sinais e digitais
Meus gritos acesos na garganta minha pele vermelha
Minha gargantilha marcada pelas tuas sinuosas mãos teus ais
Debruçamos-nos um no outro escarificados mas cicatrizados
Sacrificados pela paixão imemorial dos ancestrais
Arfas e me escondo colhendo os frutos de tua árvore pulmonar
Vapores inquietos saem das narinas
O vulcão volta a se amalgamar
Acalma-se sua febre alta passa
Seu tragar sua prece ardente
Volta a si fecham-se sob o encanto do vento
Divisada pelo amor seu elemento
Neste momento só o hálito perdura
Na pequena fumaça que sai mostra seu alento
A criatura pode voltar a explodir a qualquer momento...