Colo de Mãe...
Pouquíssimas vezes presenteio alguém, porém, desta vez trata-se de uma pessoa que criou-me e a quem eu respeito muito. Pois, desde criança fui mais apegado a ela, elaborava surpresas para agradar-lhe de qualquer forma, outras tantas apenas ofertava-lhe um café da manhã na cama.
Contudo, as minhas atitudes infantis eram impulsionadas por uma manha, fato esse que fazia apenas para ser agraciado com o seu doce e gentil afago. Entretanto, ela ostentava um semblante autoritário - que sempre me assustou e que me assusta até hoje-, mas não posso negar que suas palavras apesar de serem duras eram reconfortantes e acolhedoras.
Como também não há como negar que ela sabia e sabe lidar com essas palavras de um jeito magistral, ou melhor, de uma forma matriarcal. Pois, ao mesmo tempo em que ela demonstrava esse lado autoritário e rígido o seu lado apaziguador aflorava de uma maneira inenarrável.
Lembro-me da forma com a qual ela nos educou, seja na base da conversa, dos castigos ou até mesmo das palmadas – em que todo ás vezes tinha razão para serem aplicadas-. Em outras tantas a pegava acariciando-nos antes de dormirmos, desejando a cada um dos 3 filhos Proteção Divina, para guiar-nos em nossa jornada.
Sendo assim, sua frase educacional sempre foi que:
“– Criamos os nossos filhos para viverem longe do ninho e nunca debaixo de nossas asas”.
Dado tamanho impacto pras pessoas que ouviam-na, fora julgada como uma pessoa irresponsável e fria. Todavia, todos esses atos foram pra nos proteger e nos prepararmos pras nossas, respectivas, caminhadas, assim como uma leoa protege seus filhotes.
Ela nos mostrou o que é o verdadeiro Amor, esse sentimento puro, complexo e que tantas vezes nos prega uma peça. Sim, justamente, por ela ter nos mostrado e nos dado esse Amor, hoje gostaria de entregar-lhe o presente que tenho em mãos, não é nada assim material. Mas é algo muito mais valioso que isso.
Com essa idéia fixa em minha cabeça e com um pedaço de papel rabiscado em minhas mãos adentro a minha casa, jogo a mochila sobre a mesa e logo avisto-a deitada no sofá. No mesmo instante, em que sinto o peso dos meus ombros diminuírem, deixo pra trás toda minha presunção de uma pessoa “adulta” e madura, sinto lágrimas a inundar a minha face. Deixo então meu corpo cair de joelhos próximo a ela, abraço-a com todas as minhas forças beijando seu rosto.
Então, neste exato momento torno-me a mesma criança manhosa de outrora, em que a única coisa que me importa é o cheiro e o aconchego d’Ela que, surpreendentemente, me faz um cafuné nas têmporas, adormecendo-me aos poucos no seu colo de mãe.