Chuva de Outubro
A chuva desce atrás das cortinas
deste quarto de hora
e esta demora
de novo me faz tremer.
De abril não ficou nem a semente
pois estive ausente
do meu ser.
Tão bom foi o meu maio!
Tão sereno o entardecer!
Mas junho e julho foram cenários
do meu sudário, no tempo a esvaecer.
E veio agosto,
e de novo, o teu rosto
-prenúncio de primavera!
Ah! Quem me dera, neste outubro,
fazer renascer o sol depois da chuva
e terminar este ano com mudas
de amor pra oferecer!
(Direitos autorais reservados. Da série “Ventos e Cantos", Rio de Janeiro, 1990)