Se és tu amor
Quero ter asas de silêncio
Tenho olhos mortos e óculos inúteis
A madrugada me agride e paira leve
Tão breve minhas palavras somem
Enquanto busco a quietude
A guerra urge lá fora
Consomem minhas poucas fagulhas
Viram farpas e agulhas
Viram lanças e lâminas
Em proporções fora do poema
Enfim quero morrer querendo
Pois tenho sim essa fome em detê-la
Quero sempre ser seu esfomeado
E nunca me saciar de querê-la
Quero asas de trevas
Quão guerreiro de Tebas
Pra onde me levas
Se és tu amor
Terei de me render...
Vou me jogar para ti, amor
Entregarei só pra ti, amor
Me precipito por ti
Posso morrer só por ti...
Se não és a guerra
Se não és quão fome
Mesmo doendo te quero
Ser teu todo teu...
Podes passar as tuas lâminas em mim...
Se tu és tu a terra
Onde minha raiz se fincou
Por mais nada quero lutar
A não ser por continuar
Sendo teu pra sempre, amor...
Com meus óculos inúteis...