Se és tu amor

Quero ter asas de silêncio

Tenho olhos mortos e óculos inúteis

A madrugada me agride e paira leve

Tão breve minhas palavras somem

Enquanto busco a quietude

A guerra urge lá fora

Consomem minhas poucas fagulhas

Viram farpas e agulhas

Viram lanças e lâminas

Em proporções fora do poema

Enfim quero morrer querendo

Pois tenho sim essa fome em detê-la

Quero sempre ser seu esfomeado

E nunca me saciar de querê-la

Quero asas de trevas

Quão guerreiro de Tebas

Pra onde me levas

Se és tu amor

Terei de me render...

Vou me jogar para ti, amor

Entregarei só pra ti, amor

Me precipito por ti

Posso morrer só por ti...

Se não és a guerra

Se não és quão fome

Mesmo doendo te quero

Ser teu todo teu...

Podes passar as tuas lâminas em mim...

Se tu és tu a terra

Onde minha raiz se fincou

Por mais nada quero lutar

A não ser por continuar

Sendo teu pra sempre, amor...

Com meus óculos inúteis...

Lopes Neto
Enviado por Lopes Neto em 13/05/2012
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