Poema 0962 - Encontro
Teus lábios me fazem voltar o tempo,
outras vezes pára a tarde no meio,
quantos dias perdi, quantos anos,
tudo em vão buscando estrelas especiais.
Como se teus olhos gritassem aos meus,
mostro-te castelos, faço linhas no horizonte,
ergo mastros aos céus como se enfeitasse o mundo,
ora outra, paro e apenas vejo-a dormindo.
Meus pensamentos viajam como os teus,
procuram alegrias onde apenas existe vida,
vejo-a desfilar em avenidas como se fosse rainha,
tão segura de si, volta o corpo e me provoca.
Fizemos caminhos longos e sem esperanças,
um dia o sol passou pela lua, a manhã virou noite,
a paixão flutuou sobre a pele morna de amor
e no silêncio sorriu, como se quisesse ser tomada.
Lembro-me de um sonho ou dois de noites mal dormidas,
caminhava a procura de alguém desconhecido,
seguia um som, uma imagem sem rosto,
que fui colorindo no passar das décadas de minha vida.
O calor voltou, como se estivesse agasalhado,
as mãos seguras nas outras, um beijo no meio,
nas palavras não houve juras de nada,
colhi teu corpo, fui recolhido e escondido no teu.
Esqueça as lágrimas, se um dia chorou por alguém,
preciso lembrar o caminho daqui a diante,
correr cada centímetro de pele do teu corpo
até encontrar a alma, até ficar onda em teu mar.
01/02/2007