ardor
escrevi uma carta de repente
mas para um eu não valeria
uma carta e um destinário ausente
de certas dores a alma feria
...certamente palavras cabíveis
repousei-me no concreto ardor do sol
que olhou para Maria e calmamente
disse que pesava no ombro
disse-lhe:é o peso da consciência
veja a bela noite que surgiu do nada
o tempo passou e teus olhos fechados
e com o piscar dos olhos sentia
a dor eterna dos namorados
que namoraram as rosas
que roubaram as rosas
e que traíram o que amavam
e na prata de repente
só a marca e o incomodar do calo
pesava a mão, pesava o braço
e ombro sempre aguentava
só nunca percebia
que era a consciência que pesava