O Sol perguntou à Lua…
Se não queria com ele
Trocar de lugar
Porque ele estava farto
De tanta coisa iluminar
E há tanto tempo
Não tendo sequer tempo de descansar
Porque havia sempre alguém
Dele eventualmente
Poder precisar
Os homens
As suas colheitas
O seu calor
Que sem ele
O universo iria inundar de frio
Ou simplesmente servir de iluminação
Porque o homem era um ser medroso
Tinha pânico
De viver na escuridão
Uma troca
Que a todos os aspectos iria beneficiar a lua
Porque ela era de pouca
Senão de nenhuma utilidade
E assim
Poderia ficar feliz
Se trocasse com ele
Por finalmente servir a humanidade…
Mas a lua recusou
Reconhecendo
Que de facto
Ela nada era ao pé do sol
Mas era para ela
Que o homem olhava
Quando estava apaixonado
Era a ela
Que ele fazia confidências
Que pedia para o amor ser abençoado
Ao passo que o sol
Era apenas um prestador de serviços
Na escala do cosmos
Um mero burocrata
Um mero administrativo
Mas a Lua
A insignificante Lua
Era conselheira
Era a depositária de tantos sentimentos
De tantas sensações
E assim
Ela preferia ser o que era
Porque quando o homem olhava para ela
Sentia que a olhava
Enquanto que ao olhar para o sol
O mínimo que podia acontecer
Era ter a vista queimada…