O Sol perguntou à Lua…

Se não queria com ele

Trocar de lugar

Porque ele estava farto

De tanta coisa iluminar

E há tanto tempo

Não tendo sequer tempo de descansar

Porque havia sempre alguém

Dele eventualmente

Poder precisar

Os homens

As suas colheitas

O seu calor

Que sem ele

O universo iria inundar de frio

Ou simplesmente servir de iluminação

Porque o homem era um ser medroso

Tinha pânico

De viver na escuridão

Uma troca

Que a todos os aspectos iria beneficiar a lua

Porque ela era de pouca

Senão de nenhuma utilidade

E assim

Poderia ficar feliz

Se trocasse com ele

Por finalmente servir a humanidade…

Mas a lua recusou

Reconhecendo

Que de facto

Ela nada era ao pé do sol

Mas era para ela

Que o homem olhava

Quando estava apaixonado

Era a ela

Que ele fazia confidências

Que pedia para o amor ser abençoado

Ao passo que o sol

Era apenas um prestador de serviços

Na escala do cosmos

Um mero burocrata

Um mero administrativo

Mas a Lua

A insignificante Lua

Era conselheira

Era a depositária de tantos sentimentos

De tantas sensações

E assim

Ela preferia ser o que era

Porque quando o homem olhava para ela

Sentia que a olhava

Enquanto que ao olhar para o sol

O mínimo que podia acontecer

Era ter a vista queimada…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 11/05/2012
Código do texto: T3662246
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