PRECE CONFIDENCIAL
Estou pensando nos teus medos
E no tempo que ficou para trás
Confidencio os meus segredos
Esperando a volta de um verso que jaz
Eu já tentei encontrar motivos
No alçapão das minhas idéias tais
Fazendo um furo em todos os arquivos
Para entender a dor de tantos ais
E a sombra da minha saudade me vela
Num alvorecer de tantos canteiros
Desejando que tu sejas minha novela
Para sentir-me preso nesse meu viveiro
Não tenho alforria nesse laço de amor
Ao qual sou apenas réu confesso
Sou teu elo de pétala e flor
Na estante privada do nosso verso
Do nosso instante que nos une em poema
E eu penso que a vaidade que arde em fogo
Nos findos corações são o fruto e o dilema
Que desde já me deixam fora deste jogo
Será que tu vais saber do afeto que desenhei
Numa linha torta de uma folha amassada?
Será que tu sabes de toda dor que sei
Existir em minha alma tão calada?
Talvez a mudez não me agrade
Nem uma inspiração transcendental me vença
Mas quero que veja essa brasa que me arde
Quando remeto a ti com a minha crença
Fazendo confissões sem ser covarde
Nesse véu de ilusões que a vida tece
Ao passo que todo um oceano me invade
Quando penso que o amor nunca se esquece.