PRECE CONFIDENCIAL

Estou pensando nos teus medos

E no tempo que ficou para trás

Confidencio os meus segredos

Esperando a volta de um verso que jaz

Eu já tentei encontrar motivos

No alçapão das minhas idéias tais

Fazendo um furo em todos os arquivos

Para entender a dor de tantos ais

E a sombra da minha saudade me vela

Num alvorecer de tantos canteiros

Desejando que tu sejas minha novela

Para sentir-me preso nesse meu viveiro

Não tenho alforria nesse laço de amor

Ao qual sou apenas réu confesso

Sou teu elo de pétala e flor

Na estante privada do nosso verso

Do nosso instante que nos une em poema

E eu penso que a vaidade que arde em fogo

Nos findos corações são o fruto e o dilema

Que desde já me deixam fora deste jogo

Será que tu vais saber do afeto que desenhei

Numa linha torta de uma folha amassada?

Será que tu sabes de toda dor que sei

Existir em minha alma tão calada?

Talvez a mudez não me agrade

Nem uma inspiração transcendental me vença

Mas quero que veja essa brasa que me arde

Quando remeto a ti com a minha crença

Fazendo confissões sem ser covarde

Nesse véu de ilusões que a vida tece

Ao passo que todo um oceano me invade

Quando penso que o amor nunca se esquece.

Márcio Ahimsa
Enviado por Márcio Ahimsa em 01/02/2007
Código do texto: T365540