A Tia e Seu Blues I
Lá vem subindo a rua
Carregando no pé da saia
Seus queridos sobrinhos.
Puxam a saia de pano
Desmanchado e desbotado
Pedem seu conforto.
Ordena a irem para calçada
Obedecem, mas logo estão debaixo
Da saia dela.
A forma do rosto, uma serenidade,
Cabelo escuro como a noite afugentada,
Frágil o gesto da fala é dura.
Às vezes apela como uma loba
Afugenta as feras
E desarma os vilões.
Os sobrinhos não querem se afastar
E ela com desgosto
Carrega o amor que não vingou.
(Rod.Arcadia)