Ao meu gosto
Eu ainda gosto,
mas ele não gosta mais.
Disfarço meu desgosto
olhando pro lado oposto
ao que ele está.
Gosto e desgosto do meu gosto pelo outrem.
Gosto pela solidão,
desgosto por tê-lo
(e ao mesmo tempo não)
Não gosto da impressão de abraçar o ninguém.
Tenho desgosto de memorizar o rosto
e as expressões que nele há.
É coisa meio vulgar
(e de todas a pior)
eu decorar cada parte dele
como se fosse uma só.
Meu bem já não anda pelo caminho de costume,
não sente mais ciúme e
nem é como antes.
Só tenho percebido que existem os instantes
porque a falta dele faz lembrar.
O amor amado só, não existe e é findo,
ninguém resiste á dor e a solidão de amar sozinho.
Porém, meu amor é infinito e existe,
e eu subsisto nesses momentos (que insistem)
em não passar.
Incertos e difíceis de domar
são os minutos terríveis
que impedem do tempo correr
e do olhar se cruzar.
Meus olhos nos seus,
nunca os seus nos meus.
Por que será?