O L H O S . . .
Quanto mistério não se esconde
nesse olhar de quem procura
e imagina, e pede, e suplica
o calor de corpos passantes
a companhia meiga e mágica
de mãos ávidas e ágeis
te cingindo em meio à cintura,
onde a boca se perde,
em cheio, em tantas loucuras...
Devaneios, línguas que reverberam
e se beijam, boca-a-boca
e se escondem e brincam
em pescoços e ouvidos
e fazem dos mesmos olhos,
agora petrificados e perdidos,
um olhar estático, mas iluminado!
E te descobrem
em toda tua essência,
no vigor de um corpo sem resistência,
rindo e chorando
de forte ansiedade.
E depois,
no cessar de um carinho,
a um só tempo
ácido, atônito e gostoso,
o encontro decompõe-se em desencontro,
e por último
continua sem resposta
a indagação primeira, que resta:
Afinal, qual o segredo
desse olhar misterioso?
(Tadeu – 02/12/06)