Toda a carne que habita o teu corpo,
Treme em febre num desejo absoluto;
Irresoluto, membros agem no automático,
Desafiando um perigo absurdo.
Mira o céu, procurando uma guarida,
Mas desabam, tontos olhos, na investida;
Revestida de muralha, tenta uma saída,
Mal percebe a alma já absorvida.
Finas teias te suspendem marionete,
A mercê desta loucura envolvente;
Comovente, me permito piedade,
Mas também estou perdido na corrente.
Seguem vítima e algoz na mesma sina,
Revezando-se entre beijos e lamurias;
Lamentando o destino que nos guarda,
Só nos resta entregar-nos a luxuria.