A fome do amor
Nem que seja para ter na lembrança,
acabo de ler uma declaração assim;
mais que isso o meu sonho alcança,
uma mera lembrança doeria em mim...
Não quero quimera, sou mais voraz,
Quero te despir pra cobrir de amor;
Incitarei teu desejo correndo atrás,
Meu toque irá, onde teu gemido for...
Ter só recordação seria masoquista,
Meu corpo não é poeta, é bem canibal;
O sonho valerá se tornando conquista,
Senão serei um fracassado, tonto boçal...
Claro, pinto ilhas de minhas fantasias,
Porque sozinho sobra tempo pra pintar;
quando puder tatuar, porém, a poesia,
com desejo e carinho, nela irei tatuar...
Não busco, portanto, lembrança bacana,
há fome e sede de amor, careço matar;
então, se a não tiver também na cama,
deleto a memória, apagando o gostar...