O rendimento do amor
Minha maçã verde, sei, está madura;
Mas pende ainda no pé, vou provar;
Nesse interlúdio de fuga e procura,
Pesou uma carga difícil de carregar...
As pedras jogadas por quem ignora,
Voltam contra ao braço que joga;
O vinho de amanhã já sorvo agora,
Quando o real acossa é uma droga...
Mesmo certo que meu colo será seu,
Ainda erro, sofrendo essa tristeza;
A luz dessa esperança teme ao breu,
Pois minha prenda inda não é presa...
Seu amor vai buscar na contramão,
Achará o rumo quando em meu carro;
Uma vez rompido o casulo da solidão,
Ela verá que sou alma, além de barro...
Já ponho os pratos preparo a mesa,
Depois ela vê se fica bem onde está;
Todo tempo perdido nessa incerteza,
O rendimento do amor compensará...
Não mais sozinho errarei assim ao léu,
Quer saber, já estou gasto de errar;
convido a muitos para o reino do céu,
mas a você eu quero, em terra amar...