A frágil força do amor
O amor é, penso, braço muito frágil,
Que se robustece ficando maduro;
Qual uma raiz tenra que bebe água,
Depois detona a calçada e o muro;
Talvez uma luz que nós carecemos,
Pra poder ver nesse mundo escuro...
Essa pluma que sobrevoa sonhos,
No princípio, até um infante brinca;
Depois que pesa direciona os passos,
Norteando o querer, a bússola finca,
Há indícios que certo amor já madura,
Pois a calçada incha, e o muro trinca...
No começo uma tíbia nuance de afeto,
Que às vezes chamamos de admiração;
Progride pra um estado de ser inquieto,
Que ainda enfrentamos num ridículo não:
Até se tornar um cárcere privado molesto,
após esse arresto, capitulamos, rendição...
E o meu é matreiro além de ser forte,
Só não quero pra ela o que veto a mim;
Se acaso meu ombro é hoje seu norte,
Acho que foi Deus, quem fez ser assim;
Querer nasceu livre, ao sabor da sorte,
Se o seu for igual, caia a muralha enfim...