JARDIM
Não carece dizer nada,
Deixe que eu me sinta assim;
Com a minha alma encantada
Ante o teu belo jardim.
São flores o teu sorriso,
Teu olhar de sobreaviso
E tua boca de carmim,
As róseas faces de seda,
Teu nariz ainda em botão.
O teu corpo de veredas
Florindo no meu sertão,
Exalando o teu perfume,
Está virando costume
Essa minha admiração.
És a linda primavera
Num desabrochar sutil,
Desabrochando a quimera
No meu peito a mais de mil.
Sou teu beija-flor sedento,
Só não sei é se eu aguento
Ficar só a ver navio.
(Luiz Moraes)
Grato, brilhante interação:
DESESPERANÇA
Na praia a ver navios,
me seguro por um fio,
pra resistir à borrasca
que, violenta, me arrasta
pra longe de ti, colibri.
O futuro atrás do muro
nada diz, parece mudo,
já não sei o que espero,
por isso me desespero:
eu de ti, queria tudo.
O teu corpo de veredas,
a tua boca carmim,
tiram-me o sono - incerteza...
Duro é viver assim.
(HLuna)