Além do amor

Todos estamos ameaçados.

O tempo, em que viemos divide em pedaços

O que fui

do que serei,

Como o facão para a cobra;

A consciência, transparente, transferida

O olhar cego, olhar olhar;

As palavras, luvas cinzas, poeira mental sobre a grama

A água, a pele;

Nossos nomes que entre nós se levantam,

Paredes vazia que nada pode derrubar.

Nem o sonho e a cidade de imagens quebradas,

Nem o delírio e sua espuma profética

Nem o amor com seus dentes e unhas nos bastam.

Além de nós,

Nas fronteiras de ser e estar,

Viver uma vida não é o bastante para nós.

Lá fora a noite se estende

Cheia de grandes folhas quentes

Espelhos que lutam:

Frutos, galhos, olhos, folhagem

Espadas que brilham,

corpos que se abrem entre outros corpos

Deite-se aqui, ás margens de tal espuma

De tanta vida que se ignora e se entrega

Nós também pertencemos a noite

Estenda a mão á pureza que respira

Bate, oh estrela distribuída

Pão que inclina a balança do amanhecer,

Pausa de sangue entre este tempo e outro sem medida.

Leahndro Bunton
Enviado por Leahndro Bunton em 26/04/2012
Código do texto: T3633593
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