Era ela
Era ela a luz do luar,
O suspiro ao peito ausente
A trova em leve sonhar
Uma dor triste e pungente!
Era ela a flor do amor,
A nódoa maculada em vida
O pejo em dourado rubor
Musa de uma lágrima doída
Era ela a virgem pálida
A espanhola do sarau amante
A brisa calma e cálida
Sombra negra d’alma errante
Era ela a branca mortalha
Das noites em longa languidez
Do vestido a nua pantalha
Desta minha maligna morbidez!
Era ela a poesia transcrita,
Com o suor de um riso galante
Na tinta da alma escrita
Pelo mancebo pobre e infante!