Toda vida está resumida nesta palavra
Como quase um segredo, se desfaz
Quando ela, a palavra, se descobre
Lançando-se ao infinito do céu da boca
Minha vida fica remoendo este vocábulo
Embebido em tensões e desejos não assumidos
Estremece gengivas, umedece o palato
Quer jorrar uma verdade esquecida
Mas, num ato inusitado
quando todos estão imbuídos na romaria
Antes que o ar dos brônquios chegue à campainha
Não  deixas falar, emudece, tranca a palavra
Com a língua muda e fogosa, derruba a dialética
Um discurso sem tom e o som não é um fonema
Mas um estalar de beiços num osculo ruidoso:
Fim de conversa.

 
Ita poeta
Enviado por Ita poeta em 23/04/2012
Código do texto: T3629411
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