SENTENÇA
Tarde demais pra simplesmente abdicar do amor...
No que desembocou - o advento inverteu sua viagem derradeira
Sem ter a racionalidade costumeira e a candura do pudor
Sem ter o dissabor que não visita o fruto que embriaga sua videira
Apenas tendo sua mentira verdadeira e seu tenaz insípido sabor!
Já vai bem longe o que eu queria ancorado na razão
Nem disse adeus à minha mão e se agarrou aos braços do destino
Que lhe propôs o desatino e lhe obrigou à rendição
Até chegar ao patamar duma constelação, sob a canção de um novo hino!
Pois todos os lados da corrente são águas conspiratórias
Contando sempre as mesmas histórias ao repintar um quadro antigo
Sem mensurar como castigo ou cogitar o avanço proibido das horas
Na corda bamba das demoras e no assédio do desejo inimigo!
Que assim será, por mais que seja cedo pra ser tarde
Porque já me invade o que se alastra muito além da indiferença
Igual sentença sem recurso e cujo tempo nunca abate
Igual um jogo empate, onde convém-me a perda pra que eu me vença!
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Reinaldo Ribeiro - O Poeta do Amor
http://www.reinaldoribeiro.net/