AMAR PURO
Na beira da encosta
A pele exposta
Sem pergunta
Geme o sentido
Vem em cheio a resposta
A viga cai
Finca e enrosca
É briga de galo
Esporas abertas
É rinha
Rei em xeque
Mata a rainha
De amor vira príncipe
O sapo virou abobrinha
Aranha arranha o vaso
O rato roeu a roupa
Por acaso
Tocou fogo na estopa
Quero me afogar de amor
Nas águas de tua boca
Geme rouca
Louca me engole
Mata sua sede
Paixão de fole
A flor da pele
Engole e expele
Trinca a carne
Esfola e sola
É fenda de mola
Adestra a ditadura
A chave mestra
Testa a fechadura
Cai o molho da chave
Abrem-se as portas do paraíso
Ao som de noturno
No vórtice de tua asa delta
Engravida-se o vento
Engolfa-se o momento
No emaranhado púbere
A espera de um novo segredo guardado
De um novo golfo ordenhado
Pra soltar a fera do úbere
Presa no bolso
Caldo de cana se espreme no canavial
Como roupa no varal
Minh’ama segue tonta
Pés fincados no teu agre sangue
Abre-se no teu coração exangue
A semente que plantei a espera de um milagre
Como Flor de Lótus que mesmo nascida na lama
Se abre pura e branca de alvura no meio do mangue....