ENTREGA DE AMOR
Lá vem ela todinha pra mim me fazer cafuné
Vestida a galante metida a chofer
Faz de mim sua estrada de fechecler
Toda metida à francesinha que nem “coiffeur”
Esta faz minha cabeça ela é minha mulher...
(O autor)
Esse prazer sem igual
Cheiro molhado de maresia
Tua pele meu relicário de poesia
Teus olhos são meus pergaminhos
Sussurras inquieta como mosto no vinho
Boca sensual levemente aberta
Há soro nela e sonhos de quimera
Te desenho sem contendas
Como rendeiras acariciando as rendas
Preencho lacunas de teus poros macios
Sopro na tua nuca te arrepio todinha
Como as dunas das praias desertas
Vão-se aglutinando em desenhos
Se amotinando em montinhos
Sem fixar-se em num mundo distante
Desfazem-se em suspiros
Preces contritas
Um corpo preenchendo outro
Tudo o mais no mundo some
Só a gravidade nos consome
Perdemos asas
Os pés fora do chão
Perdemos pesos
Perdemos identidades
Perdemos nomes
O pulso aflito
O grito infinito
O dorso incontido
A seiva suada
Dançando La cumbia
A sedução ondulada
Tudo em suspensão
Liquefaz-se em peles
E em abajoures de candeia
Luz de penumbra
Jaz-se sem cruz
Corpos estendidos no chão
Na chama um só coração
Apaga-se a luz...