ENTREGA DE AMOR

Lá vem ela todinha pra mim me fazer cafuné

Vestida a galante metida a chofer

Faz de mim sua estrada de fechecler

Toda metida à francesinha que nem “coiffeur”

Esta faz minha cabeça ela é minha mulher...

(O autor)

Esse prazer sem igual

Cheiro molhado de maresia

Tua pele meu relicário de poesia

Teus olhos são meus pergaminhos

Sussurras inquieta como mosto no vinho

Boca sensual levemente aberta

Há soro nela e sonhos de quimera

Te desenho sem contendas

Como rendeiras acariciando as rendas

Preencho lacunas de teus poros macios

Sopro na tua nuca te arrepio todinha

Como as dunas das praias desertas

Vão-se aglutinando em desenhos

Se amotinando em montinhos

Sem fixar-se em num mundo distante

Desfazem-se em suspiros

Preces contritas

Um corpo preenchendo outro

Tudo o mais no mundo some

Só a gravidade nos consome

Perdemos asas

Os pés fora do chão

Perdemos pesos

Perdemos identidades

Perdemos nomes

O pulso aflito

O grito infinito

O dorso incontido

A seiva suada

Dançando La cumbia

A sedução ondulada

Tudo em suspensão

Liquefaz-se em peles

E em abajoures de candeia

Luz de penumbra

Jaz-se sem cruz

Corpos estendidos no chão

Na chama um só coração

Apaga-se a luz...

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 21/04/2012
Reeditado em 21/04/2012
Código do texto: T3626112
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