O mundo pede paz

Veste dourado o carrasco que mantém sua lâmina afiada,

nada se vê no cálice onde o veneno lhes é servido,

sorrisos entre dentes nas alcovas que perde a vida

no alto o paraíso repleto de anjos maltratados.

Seus corpos mutilados arrastam-se marcando o caminho,

choram suas dores as viúvas no desamparo acolhidas,

falam de amores os réus confessos dessas sombras tão temidas

enquanto o pulsar é somatória na pena que antes lhes negava a vida.

Aplausos compulsórios aos atos atrozes no sol do meio dia,

caem mil à sua direita enquanto a esquerda já vem tardia,

noite fria brindando o novo que cedo se anuncia

no tilintar das taças que se sobrepõem ao dia que o pranto acalmaria.

Ouve-se ao longe o nome da paz que bocas profanas entoariam,

falas de amores clamados em sombras onde o mal sobressaia,

e o mundo pede paz em voz oca onde a verdade não habita

e em meio à covardia, o fim é previsto sem qualquer sabedoria.

30/12/2006

Aisha
Enviado por Aisha em 29/01/2007
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