O mundo pede paz
Veste dourado o carrasco que mantém sua lâmina afiada,
nada se vê no cálice onde o veneno lhes é servido,
sorrisos entre dentes nas alcovas que perde a vida
no alto o paraíso repleto de anjos maltratados.
Seus corpos mutilados arrastam-se marcando o caminho,
choram suas dores as viúvas no desamparo acolhidas,
falam de amores os réus confessos dessas sombras tão temidas
enquanto o pulsar é somatória na pena que antes lhes negava a vida.
Aplausos compulsórios aos atos atrozes no sol do meio dia,
caem mil à sua direita enquanto a esquerda já vem tardia,
noite fria brindando o novo que cedo se anuncia
no tilintar das taças que se sobrepõem ao dia que o pranto acalmaria.
Ouve-se ao longe o nome da paz que bocas profanas entoariam,
falas de amores clamados em sombras onde o mal sobressaia,
e o mundo pede paz em voz oca onde a verdade não habita
e em meio à covardia, o fim é previsto sem qualquer sabedoria.
30/12/2006