Microfilme

Façamos um pequeno acordo,

Não entrarás com quase nada;

Não mais tocarei no que abordo,

Pois, a mim também é amargo,

Saber que te deixo, encabulada...

Os teus pensares por um minuto,

Será a moeda com qual me pagas;

Estou certo dará um belo soneto,

elegante, amante, e mui bonito,

Que dedetizará as minhas pragas...

Caso comprometedores sonego,

Ou, acondiciono em bela bandeja;

O mais rebuscado dos dons alugo,

Ou, quiçá, direito a sigilo eu alego,

Afinal, me é bastante que os veja...

Depois de copiar, juro que deleto,

E isso ficará apenas entre nós dois;

Mesmo sendo meu banquete dileto,

Sei que me contenho não te delato,

Os terceiros saberão, porém, depois...

Se acaso eu viver aí como cá resides,

Então, meu minuto valerá uma vida;

O terno carinho do qual te ressentes,

Vai chover em tua horta de repente,

Já se formam nuvens, minha querida...

Talvez o tempo pareça meio exíguo,

Só depois de pensar, que me decidi;

Só valerá se acaso passar-se contigo,

A monotonia que carrego comigo,

De não ficar um minuto alheio a ti...