ALGUÉM TE ESPERA
Toda curva tem sua estrada
Toda reta tem sua direção
Toda luva tem sua mão
Toda saída tem sua entrada
Há sempre uma amante que te espera
Densos corpos gelados na bioesfera
Esperam candidamente por um abraço
Pode ser que seja sempre tarde
Sem alarde a porta esteja fechada
A passagem secular não agenda sua ida
É dor que causa partida
Como saber de mim
Se não sou este verme da estrada
Esta amada que por mim se sentiu rejeitada
Agora espera noutra galáxia de serafim...
Qual é esta estrada sem fim... Onde vai dar?
Como tralhas em teias de fios
Vamos aos pós sumindo nos amando
Somando-nos dividindo pingando em cios de mármores
Entrefolhas entre safras entre suspiros
Modelando-nos como pedra rolada
E tudo passa diante do céu em retiros
Nuvens que vibram onde será que dormem...
Quando será que somem deixando suas lágrimas
Seus gemidos em poças que pisamos
Como pensamentos coagulados que ainda espelham vida
Vejo a lua pelo seu espelho refletida nesta poça
Piso eu sem pegadas pelo “liqueforme de Bacillus subtilis”
Grudes sem formas sou este átomo contido na luz estelar
Como coliformes que se espalham pelo dorso do nada
Deixando na vida os sonhos teus
Como pós somos arrastados pelo Sem Rosto e algoz
Assim somos nós adormecidos
Como os nossos avós...