O Amor e o Tempo

Pela montanha alcantilada

Todos quatro em alegre companhia,

O Amor, o Tempo, a minha Amada

E eu subíamos um dia.

Da minha Amada no gentil semblante

Já se viam indícios de cansaço;

O Amor passava-nos adiante

E o Tempo acelerava o passo.

— «Amor! Amor! mais devagar!

Não corras tanto assim, que tão ligeira

Não pode com certeza caminhar

A minha doce companheira!»

Súbito, o Amor e o Tempo, combinados,

Abrem as asas trémulas ao vento...

— «Porque voais assim tão apressados?

Onde vos dirigis?» — Nesse momento,

Volta-se o Amor e diz com azedume:

— «Tende paciência, amigos meus!

Eu sempre tive este costume

De fugir com o Tempo... Adeus! Adeus!

António Feijó, in 'Sol de Inverno'

Zorro Poeta
Enviado por Zorro Poeta em 20/04/2012
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