Chovia...

E eu fazia as contas

Ao frio

Que entre nós havia

Apesar de estarmos colados um ao outro

Enquanto

Chovia…

E eu acendi um último cigarro

E passeio-o para os teus lábios

O último cigarro

De dois condenados

À nossa morte

Vazios sentidos

Apesar de estarmos abraçados…

E assim chovia por fora

Um horrível temporal

Chovia dentro de nós

Porque juntos

Nos sentíamos insustentavelmente sós…

E a única coisa que éramos

Naquele derradeiro momento

Que partilhávamos os dois

Era uma comum

Uma recíproca solidão

Porque um e outro

Nos fecháramos em muros de silêncio

Exilando bem longe

Para sempre

Qualquer tipo de comunicação…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 20/04/2012
Código do texto: T3623949
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