Tudo, mesmo que seja pouco

Não me culpe meu bem

Por querer demais

Mais do que pretendem ter

Os meros mortais

Se demais eu te pedisse

Bastava transformar o que eu disse

Em brincadeira de casais

Se muito pra mim não é o bastante

Bastava que eu fosse por um instante

Tudo no que você pensava

E nada mais

Nada de diamantes

Ou enfeites de estante

Meu sonho é querer sempre mais

Mesmo que pouco tivesse

Ao menos queria que me desse

Tudo do pouco que tem

Seu tempo integral

Tua atenção natural

O seu não vai-só vem

Ainda que parecesse medíocre

O que poderia me oferecer

Sua presença humilde

Poderia muito me satisfazer

Mesmo que fosse pouco

Apenas parte do que tinha

O que me dedicava por sufoco

Sem demonstrar euforia

Mesmo sentindo um oco

Eu te aceitaria

Então pensando em outro:

O tudo, que talvez me daria

Eu disse tudo ou nada em vez de pouco

E o que eu tinha de tia ali eu perdia

E tanto que eu te fiz feliz

Virou tesouro e desapareceu

Dei-te o muito, do tudo aprendiz

Que por tua culpa não desenvolveu

Eu não me satisfiz

Mas quem perdeu não fui eu

Não tendo tudo então parto

Ficam só beijos de lembrança

E meu rosto como num retrato

Das recordações da infância.

(Poema dos 16 anos)