PERSPECTIVA

PERSPECTIVA

(Lena Ferreira)

Sinto o soco seco do teu olhar frio, distante

indiferente ao sopro bom da brisa morna de sempre

e gelo, inteira, temendo inverne eternamente

as noites que eram sóis e a sós sorríamos, plenos.

Tão brandas as palavras sussurradas eram

tão nítidos os olhares derramados; tantos

os dedos tateavam madrugadas azuladas

e adormecíamos abraçados com as estrelas.

Ontem, madrugamos em nuvens brutalmente cinzas.

Pressinto o teu trovejar a qualquer instante mas não chovo.

(...)

Murmuras frustrações e num gesto ingênuo

penduro um 'eu te amo' em meu sorriso

que faz o teu se abrir em mil desculpas

derretendo a geleira dos nossos atos imaturos

sob a perspectiva de um olhar maduro.