A impossibilidade de não amar-te

Amar o impossível, o sonho,

O inatingível, platônico ser

Distante, disperso, vago...

Amar à distância,

Amar com fervor.

Ter a alma em êxtase, o corpo abrasado,

Mãos frias, úmidas...

Nas pernas, o tremor patético

E na tez, a palidez mortal

De quem já principia a desistência da vida -

Se há vida no ser que ama

Sem ser amado...

A aflição de amar o "inamável",

De querer o impossível,

Buscar alcançar o inatingível.

E ao mesmo tempo reconhecer

A impossibilidade de não amar-te.

Exigir da alma

Esquecer o inesquecível.

Buscar esgotar o amor que é

Por si inesgotável.

Hesitar,

Ofegar,

Vibrar.

Estremecer,

Padecer,

Sofrer...

Afligir-se buscando sujeitar

Corpo e coração

A um estado impossível de ser alcançado -

O desamor por ti.

E o tormento desse amor

É decisão, não destino.

Depender desse amor

Escolha, não fatalidade.

E se não existisses,

Amaria o desconhecido, o indecifrável,

Amaria o próprio vácuo da tua ausência.

Amaria tão somente a possibilidade de tua existência.

Patrícia Massa
Enviado por Patrícia Massa em 18/04/2012
Reeditado em 24/03/2013
Código do texto: T3619629
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