A ÁRVORE DA VIDA
Mãe
Pudesse eu entender
O que dizia cada ruga do teu rosto
Pudesse viajar por elas para dentro do enigma dos anos
No leito seco dos vossos sonhos
Pudesse andar eu, pelos vales de pedras,
Ásperos, das negações e sofrimentos de tua existência
Que surgem através dos cortes de tua alma envelhecida,
Na rota de tantos desencontros
Onde semeaste os grãos de tua fé
Encontraria eu, por certo, a arvore da vida
Que sustentou teus sonhos e que ainda resiste
Então, cansado, eu adormeceria à tua sombra
Pequenino como um grão de mostarda
Calmo como pombas no telhado da tarde
Então, você viria, embalar-me, como sempre fez
E cantarias para mim, por certo, docemente,
As velhas canções da minha infância
E a vida seria, então, uma eterna recompensa!